
Fonte: http://biblioufcspa.blogspot.com.br/2012/04/cientistas-terao-que-justificar-uso-de.html
Um novo olhar, um novo caminho...
Um novo olhar, um novo caminho...
Nathalia Patrocinio Pereira
Meu caro leitor
gostaria que ao menos uma vez se concentrassem nestas palavras e pensassem no
quanto é importante seu conhecimento para com elas. Que suas mentes possam se
abrir diante do novo, e que seus olhos criem novas perspectivas e quem sabe,
novos rumos.
Sabemos sobre a Lei
6638, de 08 de maio de 1979, Art. 3 que
diz que a vivissecção não será permitida: sem o emprego de anestesia; em
centros de pesquisas e estudos não registrados em órgão competente; sem
supervisão de técnico especializado; com animais que não tenham permanecido
mais de 15 (quinze) dias em biotérios legalmente autorizados; em
estabelecimento de ensino de 1º e 2º graus e em quaisquer locais frequentados
por menores de idade. Entretanto a utilização de animais para fins didáticos ainda
é uma metodologia utilizada nas universidades, que descumpre a própria lei, mas
negam dizendo não existir metodologias alternativas. Por ser uma pratica que
vai contra o principio ético de muitos estudantes o uso de animais na educação vem
sendo cada dia mais questionado.
Um dos pontos positivo
da metodologia alternativa é que esses métodos são condizentes com os
princípios éticos e morais de todos os estudantes, inclusive daqueles que se
opõem ao uso de animais para tais fins didáticos. Um outro ponto positivo é que
a metodologia alternativa permite que o aluno repita a pratica proposta quantas
vezes achar necessário, o que sem duvida facilita o aprendizado. O custo dos métodos
alternativos é também mais um ponto positivo. É sabido que os gastos com a
compra dos métodos alternativos ao final saem mais barato do que o custo de um
biotério que exige gastos tais como: substâncias laboratoriais, equipamentos,
corpo técnico envolvido, armazenamento, produção, alimentação, energia e água
para a manutenção destes animais. Mais um ponto positivo é que estudantes que
utilizam métodos alternativos em aulas praticas aprendem igualmente e em alguns
casos até melhor que estudantes cuja aula se utilizou animais (GREIF, 2003).
Há muitos pontos
críticos ao uso de animais na educação. Sabe-se que muitos animais utilizados
em biotério são animais exóticos, dessa forma é importante ressaltar o grave
desequilíbrio ecológico que pode ocorrer caso algum desses animais fuja do
biotério. A introdução de espécie exótica em nosso ambiente pode comprometer seriamente
a nossa fauna quando o animal passa a competir com as espécies nativas. Um
outro ponto critico ao uso de animais na educação é o constrangimento e repudio
a prática assistida. Os estudantes que porventura possuírem, ainda que
inconscientemente, alguma consideração quanto ao fato de cortar um animal
saudável desnecessariamente, estarão preocupados demais para conseguirem se
concentrar no conteúdo transmitido pelo professor (GREIF, 2003). Isso por sua
vez pode dar margem a interpretações confusas nas aulas. Um outro ponto critico
é a dessensibilização estudantil. A progressão da dessensibilização é notada
quando muitos animais utilizados em dissecação aparecem mutilados, sem ter sido
esse o objetivo da aula. O animal destinado para fins científicos é
coisificado, afastado da condição de sujeito para que a prática seja aceitável
(GREIF, 2003). Os animais são vistos como objetos de descarte. É muito
contraditório para estudantes da área da saúde matar para salvar, desrespeitar
para respeitar (GREIF, 2003). O
proposito dos cursos da área da saúde é salvar vidas e amenizar a dor dos
pacientes, é contraditório que na preparação desses profissionais os mesmos estes
estejam causando morte e sofrimento de animais (GREIF, 2003).
Existem muitos métodos
alternativos, mas ainda não a quantidade que deveria. Para existir mais métodos
é necessário primeiramente querer deixar o tradicionalismo de lado e ao menos
ter curiosidade para utilizar novas metodologias. É importante que professores
e alunos criem juntos os métodos, unindo, portanto o conhecimento cientifico do
educador com o do educando. Muitos professores ou por não acreditarem ou por simplesmente
comodismo não buscam aprender novas metodologia de aula, simplesmente repudiam
as inovações. Vivemos acostumados ao cotidiano ao tradicional. Acostumamos a
não olhar para fora e porque não olhamos para fora, logo acostumamos a não
abrir todas as cortinas. (COLASSANTI, 1996). Atualmente encontramos metodologias
alternativas no site: http://www.1rnet.org/
bem como em outros centros universitários que já adotaram essa nova pratica. Existem
filmes, vídeos, auto experimentação, testes in vitro, simulação
computadorizadas, bonecos, além de animais em óbito vindos de clínicas e do
IBAMA.
Segundo o código de
ética do profissional Biólogo Art. 2º - Toda atividade do Biólogo deverá sempre
consagrar respeito à vida, em todas as suas formas e manifestações e à
qualidade do meio ambiente. Segundo o código
de ética do profissional do Médico Veterinário Art. 25. V - usar os animais em práticas de ensino e
experimentação científica, somente em casos justificáveis, que possam resultar
em benefício da qualidade do ensino, da vida do animal e do homem, e apenas
quando não houver alternativas cientificamente validadas. Portanto vale a pena
avaliar os juramentos realizados em momentos de formação. Talvez poucos alunos
já leram o código de ética dos seus cursos e ainda assim atuam no mercado de
trabalho.
O mercado de trabalho
por sua vez busca profissionais de maior sensibilidade. Procura por profissionais
que saibam questionar, que sejam inovadores e criativos. Ao contrario muitas
universidades propõem metodologias tradicionais inquestionáveis criando alunos
alienados que não sabem questionar, que não sabem fazer perguntas, apenas
aprendem a respondê-las. A falta de questionamento e comportamento crítico por
parte dos alunos é algo inquietante. Justamente aqueles que deveriam questionar
são movidos pela aceitação e pelo sistema fordismo, onde ao final, todos são
estritamente iguais. Portanto, a busca
pelos métodos alternativos, incentivam novos olhares, estimula o
potencial criativo dos estudantes e professores, possibilita a utilização de variadas
metodologias de ensino, deixando pra traz metodologias arcaicas e que sem
duvida desrespeitam a vida.
Sinto-me envergonhada
por pertencer à mesma espécie de quem suja suas mãos de sangue dor e frieza, em
busca de seus próprios interesses. O meu objetivo não é mudar a cabeça do ser
humano, mas possibilitar que ele encontre um novo caminho.
REFERÊNCIAS
COLASANTI, M. Eu
sei, mas não devia, Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996.
GREIF, S. Alternativas
ao uso de animais vivos na educação, São Paulo: Instituto Nina Rosa 2003.
Parabéns pelo texto, muito bem escrito e com excelentes citações.
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